terça-feira, 19 de agosto de 2008

Divagações poéticas da côr

Nas férias deste ano, reencontrei
os donos destes quadros-
este e o anterior- e foi bom
revê-los, a eles e às pinturas.
Por aqui se iniciaram
as minhas "divagações"...
Dad
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POEMA DE ANDRÉ MOA
Entre a fúria do mar e a solidez da rocha
Um arco-íris de sonho desabrocha.

É uma vida – o futuro – a irromper do nada
Numa cabeça jovem toda alvoroçada.

É um coração sentido a divagar
A colorir terra, céu e mar.

Num abraço de cores sobressaltadas
Duendes e tritões soltam gargalhadas.

Devagar, devagar e sempre a divagar
Uma menina prendada pinta céu e mar.

À arte se entrega, à arte se dá
À procura do muito que ainda não há.

Com sensível mestria vai criando beleza
Para bem da humanidade e exaltação da natureza.

André Moa

Recordar é rever...

Esta pintura, "melodia do infinito"
faz este ano 20 anos!!!
Como o tempo passa!!!
MELODIA DO INFINITO


De que cor será o infinito?
Quantos céus a atravessar?
Quantas pontes de granito
Para o sustentar?

De que formas geométricas será feito?
No infinito um hexágono imperfeito
Será uma circunferência por defeito
Ou um favo de mel a visitar?

O infinito sem mim não me diz nada.
Falta-me a distância e a estrada
Para o alcançar.

Eu sou o infinito a cada dia
À procura da eterna melodia
Que só no infinito da alegria
Poderei escutar.

André Moa

sábado, 19 de julho de 2008

Miragem - (pintura de Dad)
RASGAM-SE OS CÉUS E A TERRA
DESFALECE O PRANTO EM RIO
SOSSOBRAM LUAS
E AS ÁRVORES
EM PLENA PRIMAVERA FICAM NUAS

EM SOBRESSALTO OS PÁSSAROS
PERDEM O SABER DAS ASAS
O PREGÃO DO BICO
A PROTECÇÃO DAS PENAS

A TERNURA DO AZUL DESFAZ-SE
EM BRASA

AS CASAS TRANSFORMAM-SE EM LÍQUIDAS GRUTAS
ONDE JAZ
O ETERNO OLIMPO DOS PASTORES DE SONHOS
O AMOR E A PAZ

SAUDADES DE AMADOS LÁBIOS
SOBREVOAM AS ÁGUAS
À PROCURA DE CORPOS PRESSENTIDOS
NO FULGOR DAS MARGENS
(André Moa)

segunda-feira, 30 de junho de 2008

São as memórias que sustentam
.
São as memórias que sustentam a leveza do ar,
num exercício renovado de mistérios lentos
anunciadores dos sonhos.
.
Vivem em nichos vagabundos,
perto do ruído das ruínas,
longe dos rios que não descansam
no ombro da margem
num tempo para fruir a leveza dos malmequeres
abruptos dos caminhos.
.
Acendem-se noutras memórias
e refazem os aromas antigos,
as cores redundantes
da paisagem que flúi, já ontem.
(Poema de Vieira Calado)
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  • Reinício de colaboração com o poeta André Moa

    CATEDRAL DE PEDRA

    Pi

    Culo
    De
    Catedral
    A pedra ora
    Canta e chora

    Dedos hirtos
    Mãos ressequidas
    Aos céus erguidas
    Roga à nuvem que passa
    Desabafos de água
    Para que lhe nasçam
    Húmidos veios
    Abundantes seios

    É da íntima robustez do fraguedo
    Que a água brota ainda que a medo

    Aparência ressequida
    Embrião de vida
    A pedra constrói
    Nos mais altos montes
    Castelos discretos
    Vetustas catedrais
    Sussurros de fontes
    Lágrimas de sal
    Átomos de quimera
    Prenúncios de Primavera
    (André Moa)
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    sábado, 21 de junho de 2008

    Sinais de vida e morte

    (Pintura de – DAD)

    SINAIS DE VIDA E MORTE

    Que rio é este que emerge
    Do íntimo da terra
    E se ergue em socalcos de espanto?
    Que rio é este onde o azul
    Lúcido e transparente se incendeia
    Em vermelhos de dor e aflição?
    Que barcos de presságio o atravessam
    Como se fossem ilhas flutuantes
    Pontes em construção
    A ligar para todo o sempre
    O caos e a perfeição?
    Que rio é este manso e promissor
    Que se alimenta de sangue e de suor?
    Que rio é este que me faz
    Escravo
    E me chama de senhor?
    Que rio é este que me dá alento
    Se nele me afundo?
    Que rio é este que nasce e morre em mim
    E é maior que o mundo?

    (Poema de André Moa)

    quinta-feira, 5 de junho de 2008

    Memória de Flor


    MEMÓRIA DE FLOR



    Contemplo e respiro uma flor;
    Vem-me à memória o perfume do amor.
    E logo se avoluma a tentação de aprofundar
    Os meandros da flor
    E do amor.

    Uma flor é uma flor.
    Pedúnculo, cálice e corola
    Sépalas e pétalas
    Androceu e gineceu.

    E o amor?
    O amor é o amor.
    E mais não sei dizer.
    Sei que viver sem amor não é viver.
    Faz lembrar o estertor da morte antes do tempo aprazado.

    Se muito amei muito mais teria amado
    Se a vida me tivesse consentido
    Manifestar todo o amor sentido.

    Segurei o pedúnculo do amor e fiz dele uma bandeira,
    Um arauto para a vida inteira.

    Das sépalas do amor fiz o meu cálice de amargura e de prazer
    Das pétalas coloridas alimento,
    Meu sustento,
    Meu modo de sentir e de viver.

    Androceu
    De estames assanhados
    Vou emitindo ao gineceu
    Os meus recados
    Para não sucumbir neste vale de lágrimas reprimido
    Neste mar encalhado
    À espera do melhor:
    Do amor ainda não vivido.

    Será o amor este perene desejo
    Que transforma uma carícia
    Um beijo
    A mais leve blandícia
    Em fonte de doçura e comunhão?

    Talvez sim… talvez não…

    Será o amor
    Este movimento
    Ora lento
    Ora apressado
    Este bater compassado
    Do berço à sepultura
    Entre o ódio e a ternura
    Deste nosso humano coração?

    Talvez sim… talvez não…



    André Moa

    Sentimentos profundos 1

    Sentimentos profundos 2


    Sentimentos profundos 3

    A Virgem escondida

    Lágrima de nuvem

    Mulheres africanas

    Lembrança de arlequins em busca de colombinas

    Universos frágeis 1

    Explosão de azul com raiva!

    Paisagem em tempo de outono

    (Poema de barcos e flores-Dad)

    " É urgente o amor.
    É urgente um barco no mar.
    .
    É urgente destruir certas palavras,
    ódio, solidão e crueldade,
    alguns lamentos,
    muitas espadas.
    .
    É urgente inventar alegria,
    multiplicar os beijos, as searas,
    é urgente descobrir rosas e rios
    e manhãs claras.
    .
    Cai o silêncio nos ombros e a luz
    impura, até doer.
    É urgente o amor, é urgente
    permanecer. "


    Eugénio de Andrade (1923 - 2005)

    Encontros com anjos e afins
    Ritos de Primavera

    Da passagem

    Movimentos de asas e sóis

    Manchas de mar e cidade...

    Caminho com espinhos

    Dos mistérios da floresta

    Sol de Inverno

    Espaços paralelos

    Solstício

    golpe de asa - deserto (díptico)

    Maternidade

    Partir

    Floresta de Fogo

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